05/04/2007

ANIMAIS NA MINHA VIDA


O animal da minha vida

Chamava-se Tutu, era uma cadela com apenas três meses, toda preta e com as patas brancas, que passou a fazer parte da minha família em 1972, quando já vivia em França. Cresceu com os meus filhos e era membro da família, companheira inseparável e meiga.
Todos os anos, eu vinha de férias a Portugal, ela ficava entregue aos cuidados de uma vizinha. Durante os primeiros dias, após a minha partida, a Tutu recusava comer e esperava por mim à porta de casa. Só passados alguns dias, é que ela aceitava comer e entrar para dormir. Quando regressava, ela ficava feliz, não parava de correr de alegria e não me largava.
Em 1983, decidi, com a minha família, regressar a Portugal. A Tutu fazia parte da bagagem. Durante a viagem, feita numa carrinha Peugeot J7, ela teve um comportamento estranho: quando fazia paragens nas áreas de serviço, todos podiam sair da carrinha, mas eu, como era o condutor, não me podia sequer afastar-me porque ela começava logo a uivar, pensando que os ia abandonar.
A viver em Portugal, a Tutu passou a ouvir uma nova língua. Foi um período de adaptação, porque ela não obedecia às ordens dadas em português, só percebia francês, mas como era uma cadela inteligente, meses depois, a Tutu passou a entender tudo.
Em 1985, esta cadela criou um pinto como se fosse sua cria. A Tutu tinha parido um cão que morreu à nascença. Ficou deprimida e como nessa altura tínhamos uma galinha que tinha chocado um pinto e logo depois morreu, a Tutu adoptou esse pinto. Ela aconchegava-o e apanhava-o coma boca, só não o alimentava porque não podia.
Depois de um problema de saúde, em 1989, a Tutu deixou-nos, toda a família chorou a sua morte e ainda hoje é considerada “ o animal da nossa vida”.

Manuel Oliveira Parente


The pet of my life


Tutu was a black and white-pawed three-month old she-dog and she became part of my family in 1972. I was living in France then. She grew up with my children and was considered a member of the family. She was a very dear and loyal companion.
Every year, I used to go to Portugal on vacation. A French neighbour of mine used to take care of her. Soon after my departure, Tutu initially refused to eat and would wait for me at the front door. Only a few days later would she behave normally, accepting food and coming in to sleep. On my return, she would be happy and joyful. She would run around me, over and over again.
In 1983, my family and I decided to move back to Portugal. This time, Tutu was to come along with us. I drove a Peugeot J7 on the journey and behaved strangely every time I stopped at the highway rest areas. She began howling the very moment I got out of the car. She was afraid of being left behind, I guess. Therefore, I had to stay in the car with her.
From the moment we arrived, Tutu had to get acquainted with a new language. She couldn’t take orders, because they were given in Portuguese and not in French, but keen as she was, months later she could understand us.
In 1985, Tutu gave birth to a dead puppy, thus becoming mournful and distressed. Fortunately, we had a chick whose mother had died, so Tutu raised it as her own. She used to bring it along with her, grabbing in her mouth. Feeding it was the only thing Tutu couldn’t do at all.
In 1989, Tutu had a serious health problem and she soon passed away. Everybody cried for her. Tutu is still considered the pet of our lives!

Manuel Parente

4 comentários:

Van Dog disse...

É linda, a história! E a Tutu foi uma cadelinha cheia de sorte!

mariajose disse...

Eu também tive um gato como a sua cadela, também criou outro animal que não era dele. Os animais por vezes tem atitudes mais justas que o homem!Um abraço da colega Zéza e marido.

Unknown disse...

Olá amigo!Gostei muito dessa história de amor.Os animais transmitem-nos grandes licões eu também tenho algumas histórias com animais,pois tenho alguns que me dão muitas alegrias.Um abraço.O.P.C.

Anónimo disse...

Amigo Parente a sua história é linda, quanto amor se tem a um animal que nos ensina o que é o verdadeiro amor.Eu tenho muitas passagens com animais.
Parabens por a linda história

Manuel Gonçalves