01/03/2007

25 DE ABRIL (III)

No dia “25” de Abril como era costume levantei-me pelas seis horas e quarenta e cinco minutos, para desfazer a barba e tomar o pequeno-almoço. Saí de casa por volta das sete horas e cheguei aos Estaleiros Navais eram sete e quarenta cinco minutos, já lá estavam alguns colega de trabalho. Um dos meus camaradas, que me perguntou-me:
- Então Jaubert, ainda não ouviste as notícias?
- Eu não. - respondi, perguntando-lhe então que notícias eram essas tão importantes.
- Vai um pandemónio dos diabos, lá para Lisboa. Os Militares já prenderam o Marcelo Caetano e tomaram o poder. Parece uma Revolução a sério, vamos lá ver no que isto vai dar.
Como estava na hora, dirigimo-nos para o duplo fundo do navio, onde se estavam a realizar trabalhos de soldadura, e só ao meio-dia, quando viemos para almoçar, é que soubemos o que efectivamente se estava a passar.
As notícias, das rádios e da televisão confirmavam que um Movimento de Militares, denominado M F A., havia tomado o poder.
A vida de um soldador era muito dura. Estávamos extasiados com as notícias, não tivemos remédio senão voltar ao trabalho, pelas 13 horas.
Só pelas 20 horas, quando terminámos o turno, é que fiquei a saber o que tinha acontecido durante aquele dia.
Fiquei contente com o que tinha acontecido. Na cidade viviam-se momentos de muita alegria, as pessoas conversavam nas ruas e nas esplanadas com muito entusiasmo, ansiosas sempre por mais notícias; recordo-me, que pelo fim da tarde, houve várias manifestações espontâneas, às quais me associei. O M F A tomou o poder, para devolver ao Povo a Liberdade e Democracia, que o Estado Novo tinha roubado há mais de 4 décadas. O Povo podia agora expressar-se livremente!
O dia terminou, com um comunicado da Junta de Salvação Nacional, a apelar ao Povo que se mantivesse sereno e confiante no Movimento das Forças Armadas.
Assim vivi o 25 de Abril.
Um dia inesquecível!!!

João José Matias

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