01/03/2007

25 DE ABRIL (II)


Vivia nessa data em França na região de Paris, estava eu com os preparativos para a rotina do dia a dia, isto no início da manhã, quando tive conhecimento pela rádio que estaria em movimento a Revolução contra o fascismo, claro que nada ainda estaria confirmado.
É fácil imaginar que, para nós, imigrantes no mundo, era uma notícia que fazia renascer em nós aquilo que tanto desejávamos. Saí para o meu trabalho, mas já foi preciso levar mais alguma coisa além do almoço, não poderia trabalhar correctamente, senão fosse informado de tudo o que estaria a acontecer no meu país, tinha o rádio bem perto, certo que a produção desse dia não foi, obviamente, a melhor.
Foi o primeiro dia na minha vida, que começava a acreditar que o meu futuro, e de todos quantos se seguissem seria agora melhor. Nos dias seguintes à hora das notícias, à noite, era momento de profunda dedicação ao televisor, tudo era vivido com alegria e ansiedade ao mesmo tempo. Sempre que acontecia de ver pessoas que tinham feito parte da minha vida militar era aquele aperto no coração. Pensava que o meu país, a partir daqui, iria tentar recuperar todo o tempo perdido no passado, e proporcionar uma vida melhor para todos os portugueses.
O meu sonho está ainda longe de se realizar, valeu a pena, vivemos melhor, somos livres, mas continuamos atrasados em relação aos países desenvolvidos da Europa.
Parece que o meu sonho vai continuar irrealizável ainda por muito tempo.
Foi assim que eu vivi o meu vinte cinco de Abril.

José Domingos Parente Gonçalves

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